Nos últimos dias, um vídeo compartilhado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nas redes sociais, gerou grande repercussão ao exibir o resultado de um ataque cirúrgico realizado pelas forças americanas no Iêmen. A filmagem, de apenas 25 segundos, revelou as consequências devastadoras do que foi descrito como uma reunião de comandantes Huthis—um grupo rebelde que tem sido uma ameaça constante ao comércio marítimo internacional. O vídeo não deixou dúvidas quanto à precisão e à letalidade das operações militares modernas, transformando um encontro de líderes rebeldes em uma cena de destruição total.

Confira nossa análise em vídeo:

O alvo do ataque foi o major general Huthi, Hamza Abu Talab, conhecido como Abu Hamza, apontado como uma das principais mentes logísticas por trás das operações do grupo na costa do Mar Vermelho. Este não foi um bombardeio comum; foi uma manobra cirúrgica, projetada para desmantelar o coração do comando Huthi, responsável por sucessivas ofensivas a navios comerciais que transitaram pela área nos últimos meses. Como de praxe em conflitos dessa magnitude, a resposta do grupo não tardou, e os Huthis logo acionaram sua máquina de propaganda, com porta-vozes alegando que a reunião não tinha caráter militar.

No entanto, dados de inteligência desmentiram rapidamente tais alegações, confirmando que o ataque atingiu em cheio um alvo militar estratégico. A ação é parte de uma estratégia ampla da administração Trump para garantir a segurança nas rotas marítimas, essenciais para o comércio global. Desde meados de março, uma série de ataques coordenados tem sido lançada contra alvos estratégicos, totalizando mais de 200 operações até o momento e um investimento financeiro substancial de aproximadamente 1 bilhão de dólares.

Especialistas militares sublinham que, além das instalações tradicionais, as forças americanas têm se concentrado em eliminar a liderança de médio escalão dos Huthis. Um ponto focal dessa campanha é a província de Saada, berço do movimento Huthi nos anos 90. Até agora, 20 líderes rebeldes de alta patente foram eliminados, marcando uma diferença significativa na estratégia em comparação com ações militares anteriores.

Entre as tecnologias de destaque utilizadas nas operações está o bombardeiro B2 Spirit, uma aeronave que representa a vanguarda da tecnologia de furtividade. Projetado para virtualmente desaparecer dos radares inimigos, o B2 Spirit consegue penetrar em território hostil com um nível de discrição magnífico. Equipado com o GBU 57, uma bomba bunker-buster de 13 toneladas, o avião é ideal para atingir alvos subterrâneos e instalações fortificadas, como as montanhas do Iêmen.

Os Huthis, longe de serem apenas insurgentes isolados, controlam aproximadamente dois terços da população iemenita, incluindo a capital, Sanaa. Desde novembro de 2023, os rebeldes intensificaram ataques contra a navegação no Mar Vermelho, oficialmente por motivos de solidariedade à causa palestina. No entanto, muitos analistas acreditam que o objetivo real é consolidar seu poder na região. A tecnologia e o armamento sofisticado à disposição dos Huthis, incluindo drones suicidas, mísseis balísticos e cruzeiros, são rastreados até o Irã, que proveria não apenas equipamentos, mas treinamento e estratégias militares.

Entretanto, a relação entre Irã e Huthis parece estar se transformando. Informações de inteligência indicam que Teerã estaria retirando seus assessores militares do Iêmen, numa tentativa de evitar confrontos diretos com os Estados Unidos, como foi observado na Síria anteriormente. Segundo fontes iranianas, essa decisão tem como objetivo principal a gestão de tensões com Washington, especialmente diante das constantes ameaças ao programa nuclear iraniano.

Este contexto revela quão complexa e multifacetada é a situação estratégica no Mar Vermelho, onde 25% da frota naval americana está atualmente mobilizada. A operação, sob a marcação do USS Harry S. Truman, é parte de um esforço contínuo para proteger os interesses americanos e assegurar a liberdade de navegação na região. Além disso, enfatiza a oferta dos Estados Unidos ao Irã: negociar seu programa nuclear ou enfrentar um confronto militar.

O desenrolar dos eventos nos próximos dias servirá para verificar a eficácia desta estratégia americana, focada principalmente na redução da influência regional dos Huthis e na pressão diplomática sobre o Irã. A operação, que visa restaurar a segurança nas vias marítimas, já apresenta resultados tangíveis, embora ainda restem muitos desafios pela frente. O conflito entre esses dois lados não só se trata de rebeldes insurretos, mas também de uma disputa de poder geopolítico que pode ter consequências significativas para o equilíbrio regional.