As Forças Armadas do Brasil anunciaram uma decisão histórica: a partir de 2025, as mulheres poderão se alistar voluntariamente para o serviço militar. A medida, que marca uma mudança significativa na política de defesa do país, foi aprovada pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, após diversas conversas com os comandantes militares.
Atualmente, as mulheres só podem ingressar nas Forças Armadas por meio de escolas preparatórias para oficiais, com participação restrita, exceto na Marinha, onde podem servir como fuzileiros navais. No entanto, a nova política permitirá que as mulheres se alistem para todas as funções, incluindo a infantaria.
“Neste aspecto, o Brasil deve muito,” afirmou Múcio em entrevista à Folha de S.Paulo. “E não é para fazer serviço de enfermagem e escritório, é para a mulher entrar na infantaria. Queremos mulheres armadas até os dentes.”
O alistamento feminino seguirá um modelo semelhante ao masculino, mas sem obrigatoriedade. A previsão é que a medida beneficie mulheres que completarem 18 anos em 2025. A proposta inicial sugere a abertura de 1 mil a 2 mil vagas, com um aumento gradual até chegar a 5 mil vagas, representando 20% do total de novos recrutas anuais.
As instalações das Forças Armadas precisarão ser adaptadas para receber as mulheres, incluindo a separação de dormitórios e banheiros específicos. O serviço militar tem duração inicial de 12 meses, podendo ser prorrogado até 96 meses.
Essa mudança ocorre em um momento em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) entrou com três ações no Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar as barreiras impostas às mulheres nas Forças Armadas. A PGR defende a entrada feminina em todas as funções sem restrições de vagas, enquanto o governo e o Exército argumentam que a fisiologia feminina pode impactar o desempenho em combates.
Com essa decisão, o Brasil segue os passos de diversos outros países que já integraram mulheres em suas forças armadas, promovendo uma maior igualdade de gênero no setor militar.