Desde a invasão em grande escala da Ucrânia, Moscou tem usado retórica nuclear, sugerindo que tentar derrotar uma potência nuclear como a Rússia poderia ter consequências desastrosas. No Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, o presidente Vladimir Putin declarou que a Rússia não precisa usar armas nucleares para alcançar a vitória na Ucrânia.
Durante um painel, Putin mencionou que a doutrina nuclear da Rússia, que define as condições para o uso de armas nucleares, pode ser revisada à luz dos eventos globais. Ele também alertou os países europeus que apoiam a Ucrânia, destacando que a Rússia possui mais armas nucleares táticas do que todos os países europeus juntos, mesmo se os Estados Unidos deslocarem suas armas para o continente. Além disso, ele afirmou que a Europa carece de um sistema de alerta antecipado desenvolvido, tornando-a “mais ou menos indefesa”.
A presença de Putin no fórum, muitas vezes chamado de “Davos da Rússia”, foi marcada por comentários sobre a possível revisão da doutrina nuclear russa e uma crítica ao apoio militar ocidental à Ucrânia. Putin sugeriu que a Rússia poderia fornecer armas convencionais avançadas a outros países para atacar alvos ocidentais, em resposta ao uso de armas ocidentais pela Ucrânia contra a Rússia.
O evento deste ano, realizado em um contexto de guerra e sanções severas, viu uma mudança na participação, com delegações de países da Ásia, África, Oriente Médio e América do Sul, em vez de CEOs europeus e americanos. Isso demonstra a tentativa da Rússia de mostrar que, apesar das sanções ocidentais, ainda existem muitos países dispostos a fazer negócios com ela.
Putin parece cada vez mais confiante e determinado a não recuar. Ele acredita que no atual impasse entre a Rússia e o Ocidente, será o Ocidente que cederá primeiro. Esta confiança reflete uma postura desafiadora, reafirmando a disposição da Rússia de responder às pressões ocidentais com medidas igualmente fortes.
Esta semana surreal em São Petersburgo ilustra a complexidade da situação atual, onde, apesar de um fórum econômico internacional estar em andamento, a guerra na Ucrânia continua e as tensões entre a Rússia e o Ocidente aumentam cada vez mais.
Fonte: BBC.com
