A Rússia reconhece que a Ponte da Crimeia, uma das principais infraestruturas do presidente Vladimir Putin, está “condenada”, segundo declarações de Dmitry Pletenchuk, porta-voz do comando militar do sul da Ucrânia. Em entrevista ao The Economist, Pletenchuk revelou que Moscou está recorrendo a uma nova rota ferroviária, sinalizando a vulnerabilidade da ponte.

A mudança estratégica veio após os Estados Unidos fornecerem sistemas de mísseis táticos de longo alcance (ATACMS) à Ucrânia. Com alcance de 300 quilômetros, esses mísseis colocam alvos de alto valor, como a Ponte Kerch, na mira das forças ucranianas. A ponte, que conecta a Rússia à Crimeia, anexada ilegalmente em 2014, tem sido uma rota crucial para o transporte de equipamentos militares.

Especialistas da organização de inteligência de código aberto Molfar analisaram imagens de satélite e constataram que a Rússia parou de usar a ponte para transporte militar entre fevereiro e abril deste ano. Em vez disso, uma rota ferroviária alternativa, passando por Rostov, Mariupol e Berdiansk, está sendo utilizada.

Pletenchuk destacou que essa mudança é um reconhecimento por parte dos ocupantes russos de que a Ponte da Crimeia está em risco iminente. “Eles estão procurando uma forma de se precaver porque sabem que, mais cedo ou mais tarde, terão um problema”, afirmou.

Os ATACMS já demonstraram sua eficácia devastadora. No mês passado, um ataque com esses mísseis resultou na morte de mais de 100 soldados russos em Luhansk, reforçando a capacidade de alcance e poder de destruição dessas armas. Analistas militares, como Philip Karber, indicam que os mísseis têm o potencial de tornar a Crimeia “militarmente inútil” para a Rússia.

A Ucrânia tem ameaçado há tempos tornar a ponte inoperante. Oleksii Neizhpapa, comandante da marinha ucraniana, prometeu destruí-la até o final deste ano. Em outubro passado, o Ministério da Defesa do Reino Unido também alertou que a ponte se tornaria um “fardo significativo de segurança” para a Rússia.

Com a crescente pressão militar e as novas capacidades armamentistas da Ucrânia, o futuro da Ponte da Crimeia parece cada vez mais incerto.