Imagens de satélite mostram marcas de queimaduras e destroços ao redor de um caça furtivo Su-57 estacionado em uma base aérea no sul da Rússia. Será que a Ucrânia realmente conseguiu atingir e possivelmente destruir um dos aviões de guerra mais avançados da Rússia, e ainda por cima bem dentro do território inimigo?
Essa é a pergunta que tomou conta das manchetes nos últimos dias, depois que a agência de inteligência militar ucraniana, o GUR, divulgou imagens de satélite mostrando os danos em uma aeronave Su-57 em uma base aérea localizada ao sul. Mas por que a destruição dessas aeronaves representa um duro golpe para a Rússia?
Para entender a dimensão do problema, precisamos conhecer melhor a história do Sukhoi Su-57 e o que ele representa para a Rússia. O Su-57, apelidado de “Felon” pela OTAN, é um caça furtivo bimotor de quinta geração, visto por especialistas como “a resposta russa” para aeronaves stealth ocidentais, como os famosos F-22 Raptor americanos. Eles são considerados os caças furtivos mais avançados da Rússia, capazes de atingir velocidades supersônicas acima de 2.100 km/h e carregando mísseis ar-ar de longo alcance e mísseis de cruzeiro.
Segundo relatos na imprensa russa, o Su-57 foi testado em combate na Síria em 2018 e recebeu elogios do ministro da defesa Sergei Shoigu à época. Ele disse: “O Su-57 mostrou-se brilhante. O avião tem um alto grau de proteção contra vários sistemas de defesa antiaérea. Acima de tudo, ele tem armas muito poderosas”.
Apesar de todas essas qualidades, seu desenvolvimento tem sido lento e problemático. A Rússia tem cerca de vinte aeronaves desse tipo em serviço ativo, de um total encomendado de setenta e seis até 2028. São também aviões extremamente caros para se produzir. Cada unidade custa entre 35 e 54 milhões de dólares, tornando-os um ativo militar raro e valioso, que a Rússia decidiu manter longe da Ucrânia para evitar qualquer risco de perda.
Destruir um Su-57 é um golpe significativo tanto no bolso quanto no moral russo. E aparentemente, foi exatamente isso que a Ucrânia conseguiu. No último sábado, drones ucranianos executaram uma missão arriscada: atacar a base aérea russa de Akhtubinsk, situada a quase 600 km da fronteira com a Ucrânia.
A Rússia opera diversas aeronaves de ponta em Akhtubinsk, incluindo outros Su-57, caças Su-35, drones Okhotnik e aeronaves ainda em desenvolvimento, todos estacionados ao ar livre, sem hangares ou proteção adequada.
As consequências foram desastrosas para os russos. Imagens de satélite mostram claramente a destruição de um dos caças de elite após o ataque. Marcas de explosão e destroços ao redor do avião comprovam o sucesso da missão ucraniana. Inicialmente, houve comemorações pela destruição de um Su-57, mas depois surgiram informações de que um segundo jato pode ter sido atingido. O golpe foi tão grande no orgulho russo que as autoridades de Moscou sequer comentaram sobre o ocorrido.
Embora as imagens de satélite não permitam determinar a extensão total dos danos, especialistas acreditam que pelo menos uma das aeronaves tenha sofrido danos significativos por estilhaços, exigindo reparos caros e demorados, além da substituição de peças. Considerando a pequena frota de Su-57 da Rússia e a lentidão da produção, a perda temporária de um único avião representa um corte de pelo menos 5% na frota.
Para uma análise completa, confira o vídeo que preparamos para você:
O ataque evidencia a vulnerabilidade das bases aéreas russas próximas à Ucrânia e o crescente poder dos drones ucranianos, relativamente baratos e fáceis de produzir. Nos últimos seis meses, os caças russos vinham tendo um impacto cada vez maior na linha de frente, especialmente com o uso massivo de bombas de fragmentação guiadas por GPS.
Grande parte do sucesso ucraniano se deve ao uso de drones kamikazes fabricados localmente. Eles voam sozinhos até o alvo designado, sem tripulação, carregando uma ogiva que é lançada momentos antes do impacto. Esses drones vêm sendo usados para realizar uma campanha de assédio contra instalações russas como fábricas, refinarias de petróleo e bases aéreas. Anteriormente, eles já haviam destruído um bombardeiro russo Tu-22M3 e danificado um Tu-95MS.
No arsenal da Ucrânia existem modelos dos menores e mais lentos, aos maiores, movidos a jato e com alcance de centenas de quilômetros. Graças à produção em massa, os ucranianos conseguem construir essas armas baratas em grande volume. Alguns dos drones usados podem ter custado menos de 20 mil dólares cada! Isso significa que cada Su-57 destruído representa perdas equivalentes a mais de dois mil drones ucranianos.
Destruir os modernos Su-57, mesmo causando danos materiais relativamente limitados, tem um efeito psicológico e estratégico. Abre um precedente perigoso para a Rússia e eleva o moral das forças armadas e da população ucraniana. Além disso, carrega um enorme peso simbólico, expondo as vulnerabilidades da poderosa força aérea russa e demonstrando que até mesmo seus caças mais avançados não estão a salvo.
Mas será que esse êxito histórico da artilharia de drones ucraniana é apenas o começo? Bem, isso só o tempo dirá. Com a chegada de armamentos ocidentais de maior alcance à Ucrânia, há a possibilidade de que mais alvos estratégicos no interior da Rússia estejam em breve ao seu alcance. Esse ataque pode ser o primeiro de muitos que ainda estão por vir nessa guerra de drones de longa distância.